A vulnerabilidade da mulher nas relações amorosas é um tema importante a ser discutido. Neste artigo, vamos abordar como as emoções são moldadas por tecnologias de gênero e como as mulheres se subjetivam na busca por serem escolhidas por um homem.
A autora Teresa de Lauretis conceitua a diferença sexual como a diferença entre a mulher e o homem, derivada da subjetivação. Essa subjetivação leva as mulheres a buscarem ser escolhidas por um homem, e as tecnologias de gênero, como músicas, desenhos e filmes, desempenham um papel importante nesse processo de aprendizado emocional.
No entanto, essas pedagogias afetivas ensinam formas prejudiciais de amar, o que acaba por vulnerabilizar as mulheres nas relações amorosas. O ideal estético imposto pela sociedade é um exemplo disso, no qual ser branca, loira, magra e jovem é considerado o padrão. Quanto mais distante dessas características, mais difícil é ser escolhida.
A busca pelo ideal estético se torna uma exigência perversa da nossa sociedade, levando as mulheres a gastarem e sofrerem para alcançá-lo. A insatisfação com o próprio corpo é explorada comercialmente, levando as mulheres a consumirem cada vez mais. A ideia de que elas devem sempre buscar ser mais bonitas do que são contribui para o aumento das cirurgias plásticas e procedimentos estéticos.
Nas relações amorosas, os homens se colocam como avaliadores da aparência e moralidade das mulheres, mesmo que eles próprios não correspondam a uma beleza padronizada ou tenham uma moralidade duvidosa. Essa dinâmica acaba gerando rivalidade entre as mulheres, em que elas se tornam competidoras em busca da aprovação masculina.
Essa rivalidade e a busca incessante por ser escolhida por um homem têm um alto custo para a saúde mental das mulheres. Elas acabam acreditando que desistir de um homem abusivo, violento ou com problemas de adicção é um sinal de fracasso. Essa ideia é reforçada por narrativas românticas presentes em filmes e contos de fadas, onde a mulher acredita que seu amor e dedicação podem transformar o homem.
No contexto de um país sexista, machista e racista como o nosso, vivemos uma assimetria significativa nas relações amorosas entre homens e mulheres. As mulheres são hiper responsabilizadas na gestão das relações amorosas, enquanto os homens se desresponsabilizam.
Desconstruir essas dinâmicas é um desafio, mas é fundamental para a busca de relacionamentos mais saudáveis e igualitários. Devemos questionar as pedagogias afetivas que nos foram ensinadas e buscar relacionamentos baseados no respeito mútuo, na equidade e na valorização da individualidade de cada pessoa.